Allan Kardec

Allan Kardec

domingo, 5 de abril de 2015

Pais Desorientados


Muitos pais da atualidade buscam, desesperadamente, orientação para educar bem seus filhos.
Seja pela enxurrada de informações desencontradas ou pela culpa que os especialistas jogam sobre seus ombros, muitos pais estão à beira do desespero.
Sentem-se impotentes na condução desses Espíritos que Deus lhes confiou, e acabam perdendo a referência do que é bom e do que é prejudicial aos seus educandos.
Há pais que fazem tudo para agradar os filhos.
Há filhos que são verdadeiros tiranos de seus pais.
O que está acontecendo, afinal?
Importante refletir um pouco sobre esse assunto com lucidez e com disposição de buscar o acerto nessa nobre tarefa.
Há pais que têm medo dos filhos, não têm coragem de lhes perguntar aonde vão, com quem vão e a que horas voltam.
Não tocam no assunto drogas porque se sentem intimidados pelos olhares ameaçadores dos filhos.
Não exigem que os filhos lhes deem satisfação de nada, não lhes mostram o caminho do respeito ao ser humano, nem lhes falam de religiosidade.
Muitos pais invertem seu papel de educadores e passam a obedecer aos filhos e esses se tornam os verdadeiros soberanos da casa.
Se o filho grita porque quer alguma coisa e ganha, estabelece-se o império da tirania. Ele percebe que consegue o que quer com gritos ou com outro tipo de violência e passa a usar esse artifício.
E essa situação se inicia, muitas vezes, na primeira infância, quando os pais não se dão conta de que é preciso corrigir o filho desde cedo.
À medida que a criança vai crescendo, os pais vão lhe dando tudo o que ela pede e até o que ela não pede e nem precisa.
Se a criança pede cinco reais, os pais dão logo dez, porque pode faltar. E o filho se sente o único beneficiário de tudo o que os pais têm e não se interessa em saber se eles têm, ou se estão passando necessidade para atender seus caprichos.
Quando o filho vai para a Universidade, os pais se esforçam para lhe dar o melhor carro. Um carro que talvez nem eles mesmos têm ou tiveram.
Alguns passam a andar a pé, de carona ou de ônibus para emprestar o carro ao filho.
E esses filhos dão cada vez menos importância aos esforços dos seus servidores fiéis e passivos.
É evidente que os pais não fazem isso porque não gostam dos filhos ou porque querem criar tiranos domésticos, não.
Os pais amam seus filhos, mas estão desorientados, equivocados, inseguros.
Têm receio de prejudicar o filho, de fazê-lo se sentir diferente dos outros jovens, que fazem o que bem entendem, a hora que desejam.
Esses pais não se dão conta de que tomar certas posturas diante dos filhos, exigir-lhes que façam o que tem que ser feito, é justamente o de que eles necessitam.
É preciso que os pais tenham segurança e firmeza na educação que estão passando.
É preciso ensinar responsabilidade.
Estabelecer a ponte do diálogo, mas saber ouvir com atenção o que o filho deseja. Incentivar o filho a falar de si mesmo, do que gosta, do que não gosta.
Passar valores sociais, valores morais, valores religiosos, sem pieguice nem afetação.
Ensinar aos filhos o respeito, a fidelidade, a honradez.
Um pai não deve temer o filho, mas amá-lo, a ponto de corrigi-lo com energia quando for necessário.
É isso que Deus faz conosco, é isso que espera que nós façamos com os Espíritos que confia à nossa guarda, na condição de filhos.
*   *   *
A responsabilidade pela orientação dos filhos, é dos pais.
Cabe aos filhos e não aos pais, a obediência.
A inversão desse papel é que tem trazido tantos dissabores aos lares da atualidade.
Por essa razão, é importante que os pais assumam a parte que lhes cabe, com afeto e ternura, mas com firmeza e lucidez.
Pensemos nisso!
Fontes:
Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 5, ed. Fep.
Em 26.05.2012.
Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

sábado, 4 de abril de 2015

Lecionando Humildade


        Eram os dias derradeiros Dele, sobre a face da Terra. E Ele o sabia.

        Anunciado Seu nascimento por mensageiros celestes, aguardado pelos séculos afora, Ele afinal chegou.

        Viveu com os homens por pouco mais de três décadas. Iniciou o Seu messianato numa festa de alegrias, em Caná, comemorando as bodas de um parente de Sua mãe.

        E, na noite daquela quinta-feira Ele encerra o Seu messianato, na Terra, comemorando a páscoa judaica, conforme a tradição de Israel.

        Após a ceia, Ele despe a túnica, coloca uma toalha sobre os rins, toma de um jarro com água, uma bacia e inicia a lavar os pés dos apóstolos.

        Surpreendem-se eles. Aquela é uma tarefa exclusiva dos escravos.

        Nenhum patriarca em Israel, nenhum pai de família israelita a realizava.

        Recebia-se o convidado à porta com um beijo de boas-vindas.

        De imediato, um escravo desatava as sandálias do nobre conviva e lhe lavava os pés, diminuindo o desconforto gerado pelo uso das sandálias abertas, naquelas terras poeirentas.

        Pedro procura se esquivar. O Mestre é muito especial para Se humilhar tanto!

        Contudo, como Jesus lhe diz que se ele não se permitir lavar os pés,  não terá parte com Ele, em Seu Reino, Pedro aceita o gesto.

        Concluída a tarefa, o Excelente Professor da Humanidade toma assento novamente entre os que privam da ceia, e aduz:

        Compreendeis o que vos fiz?

        Vós chamai-me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou.

        Se Eu, pois, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, deveis lavar-vos os pés uns aos outros.

        Porque Eu dei-vos o exemplo, para que, como Eu vos fiz, assim façais vós também.

        Quanta grandeza no enunciado!

        Primeiro, Ele ensina que nenhum de nós deve se esquivar ao autoconhecimento.

        Autoconhecer-se é imprescindível para se alcançar a felicidade.

        Desta forma, Jesus enfatiza que Ele é Mestre e Senhor. Diz-nos, assim, que cada um de nós deve ter consciência das virtudes adquiridas.

        Cada qual deve saber o que já conquistou, o seu valor.

        Nada de equivocado, portanto, que, numa auto-avaliação, nos qualifiquemos como quem já detém uma ou outra virtude, embora não em sua totalidade.

        Jesus nos exemplifica.

        A segunda lição é a de que, por maiores sejamos, por nossa condição intelecto-moral, por cargos que ocupemos, por responsabilidades que tenhamos, de forma alguma nos devemos aclimatar ao orgulho.

        Afinal, que são alguns anos sobre a Terra face à eternidade que nos aguarda?

        Além do que, de que nos vamos orgulhar? De uma determinada conquista, de um posto hierarquicamente superior, da avantajada intelectualidade?

        Que representa isso, face ao Universo e a eternidade?

        Somos habitantes de um minúsculo planeta em um sistema planetário que tem a sustentá-lo um sol de quinta grandeza!

        Pensemos nisso, recordando o ensino crístico e sejamos mais humildes, aprendendo a servir e servir sempre.

Fontes:
Redação do Momento Espírita, a partir dos versículos 12 a 15 do cap. XIII do Evangelho de João.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. Fep.
Em 19.05.2008.

Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Páscoa


Você já deve ter percebido, pelas prateleiras abarrotadas de ovos e coelhos de chocolate, que se aproximam os dias da Páscoa. Os meios de comunicação, em geral, não lhe deixariam esquecer tal data.
Se, no entanto, alguém lhe perguntasse o que é a Páscoa, você saberia responder? Qual a relação com ovos, coelhos e chocolates?
Tem-se notícias de que os israelitas, bem antes de Moisés, celebravam a Páscoa, sempre na primeira lua cheia da primavera, quando ofereciam à Divindade os primogênitos do seu rebanho.
A palavra em aramaico pashã, em hebraico pesah (pessach), significa a passagem. Segundos uns, do sol pela constelação do carneiro ou da lua pelo seu ponto mais alto. Nas línguas saxônicas o nome indica uma associação com o mês de abril, quando se comemorava a morte do inverno e a recuperação da vida, a chegada da primavera.
O sentido de passagem é relacionado no livro bíblico Êxodo. Foi na época da Páscoa que se deu a libertação do povo hebreu.
Cerca de quinze séculos antes de Cristo, depois de ter vivido cerca de quatro séculos no Egito, duramente tratado pelos faraós, conseguiu o povo de Israel abandonar para sempre a terra da escravidão. Naquela noite, os hebreus se serviram da carne assada de um cordeiro, pães ázimos, isto é, sem sal e fermento e alfaces amargas.
Em memória daquela noite, todo ano, pelo catorze de Nisan (o mês de abril), os chefes de família celebravam a Páscoa comemorando agora a libertação do cativeiro egípcio.
Os Evangelhos nos dão notícias da última ceia de Jesus com os Apóstolos justamente à época da Páscoa. A paixão, morte e ressurreição de Jesus coincidiram com essa festa.
Para os cristãos, a data deve lembrar a ressurreição do Cristo. Após a Sua morte na cruz, Ele se mostra vivo para os Apóstolos, discípulos e amigos.
Em corpo espiritual, Ele penetra em recintos fechados, aparece e desaparece, fala em tom breve. Seus discípulos sentem que já não é um homem. É, no entanto, o amigo que retorna para orientar, esclarecer.
Jesus voltou, indicando que a morte não existe, provando todas as Suas palavras, dando testemunho da Imortalidade. Paulo de Tarso, o Apóstolo dos Gentios, afirmava que se o Cristo não ressuscitara, vã seria nossa fé.
O costume de oferecer ovos como presente, nessa época, remonta aos antigos egípcios. Entre nós, o costume foi trazido por missionários que visitaram a China.
Só que antigamente, eram ovos mesmo, de pata ou de galinha, coloridos e enfeitados, depois transformados em ovos de chocolates.
Para alguns historiadores, o coelho, por ser o animal que mais se reproduz, traduz antigos ritos da fertilidade.
Assim, a Páscoa para o cristão deve lhe trazer à memória o ensino vivo da Imortalidade, atestado pelo próprio Cristo.
Recordar Jesus, pois, Seus ditos e Seus feitos: eis a verdadeira comemoração da Páscoa.
Importante que nos libertemos de ritualismos, de cultos exteriores, que nos retardam o progresso. Só então o Reino de Deus fará morada em todos os corações, realizando-se a reforma íntima de todos os homens.
*   *   *
Os ovos de chocolate foram introduzidos no Brasil entre os anos de 1913 e 1920, por imigrantes alemães.
Foi a partir do século XVIII que se passou a incorporar o ovo de chocolate na comemoração da Páscoa.
Fontes: 
Redação do Momento Espírita.
Em 22.08.2011. Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Da Criança aos Pais


Antes que seja tarde demais...
Não tenham medo de ser firmes comigo. Eu prefiro assim, pois sua firmeza me traz segurança.
Não me tratem com excesso de mimos. Nem tudo que peço e desejo ... me convém.
Não me corrijam na frente de outras pessoas. Prestarei muito mais atenção se vocês falarem comigo baixinho e a sós.
Não permitam que eu forme maus hábitos. Dependo de vocês para descobrir o que é certo, ou errado, na minha idade.
Não façam promessas apressadas. Lembrem-se de que me sinto mal, quando as promessas não são cumpridas.
Não me protejam das consequências dos meus atos. Às vezes, preciso aprender através da dor.
Não sejam falsos ou mentirosos. A falsidade me deixa confusa, desnorteada. E acabo perdendo a confiança em vocês.
Não me incomodem com ninharias. Se assim agirem, terei de proteger-me, aparentando surdez.
Nunca deem a impressão de ser perfeitos ou infalíveis. O choque será grande demais quando eu descobrir que vocês estão longe disso.
Não digam que meus temores são tolices. Eles são terrivelmente reais. Se vocês usarem de compreensão para comigo, ficarei mais serena e tranquila.
Não deixem sem resposta as minhas perguntas. Do contrário deixarei de fazê-las, buscando informações em algum outro lugar.
Não julguem humilhante um pedido de desculpas. Um perdão sincero torna-me surpreendentemente mais calorosa para com vocês.
Não subestimem a minha capacidade de imitação. Eu estarei sempre seguindo os seus passos com a certeza de que me conduzem pelo caminho certo.
Habituem-se a ouvir meus apelos silenciosos. Nem sempre consigo expressar meus sentimentos com palavras.
Respeitem as minhas limitações e fragilidades. Nem sempre consigo fazer tudo o que os deixa orgulhosos.
Ensinem-me a amar a Deus, pois não quero ser um adulto sem fé nem esperança.
E não se esqueçam jamais que, para desabrochar e florescer, preciso de muita compreensão e carinho e, acima de tudo, de muito amor...
*   *   *
Nosso filho é o discípulo amado que Deus pôs ao alcance do nosso coração enternecido, no entanto, a nossa tarefa não pode ir além daquele amor que o Pai propicia a todos, ensinando, corrigindo e educando através da disciplina para a felicidade.
Mostremos-lhe a vida, mas deixemo-lo viver.
Falemos-lhe das trevas, mas demos-lhe a luz do conhecimento.
Mandemo-lo à escola, mas façamo-nos mestres dele no lar.
Apresentemos-lhe o mundo, mas deixemo-lo construir o próprio mundo.
Tomemos-lhe as mãos e as coloquemos no trabalho, ensinando com o nosso exemplo, mas não lhe desenvolvamos a inutilidade, realizando as tarefas que lhe competem.
Cumpramos o nosso dever amando-o, mas exercitemos o nosso amor ensinando-o a amar e fazendo que no serviço superior ele se faça um homem para que o possamos bendizer, mais tarde.
Nosso filho é semente divina; não lhe neguemos, por falso carinho, a cova escura da fertilidade, pretextando devotamento, porque a semente que não morrer jamais será fonte de vida.
Nosso filho é a esperança do mundo; não o asfixiemos no egoísmo dos nossos anseios, esquecendo-nos de que viemos à Terra sem ele e retornaremos igualmente a sós, entregando-o a Deus conforme as Leis sábias e justas da Criação.
Fontes: 
Redação do Momento Espírita com base no texto A criança, do jornal Perfil policial, de outubro de 1999 e no cap. 37do livro Crestomatia da imortalidade, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 31.01.2011

Romeu L. Wagner, Belém, Pará.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Na Construção do Amanhã


        Nos Estados Unidos, o Dia dos Namorados é comemorado a 14 de fevereiro. Nesse dia, as pessoas costumam enviar cartões não somente para os namorados. Também a amigos e pessoas queridas.

        Foi com preocupação que a mãe de um garoto tímido e calado ouviu-o dizer que desejava dar um cartão para cada colega seu.

        Chad era um excluído na classe. A mãe o via, todos os dias, retornando da escola.

        A turma vinha na frente, brincando, conversando. Ele sempre atrás, sozinho.

        Ela ficou angustiada. Mesmo assim, nos dias que se seguiram, ela ajudou o filho a confeccionar os cartões.

        Comprou papel, cola e lápis de cor. E ele trabalhou com afinco.

        Finalmente, no Dia dos Namorados, estavam prontos os trinta e cinco cartões.

        Ele não cabia em si de contentamento.

        A mãe passou o dia preocupada. Tinha certeza que ele voltaria desapontado. Não receberia nenhum cartão.

        Por isso, resolveu fazer alguma coisa para amenizar a situação. Assou biscoitos especiais que ele gostava.

        Depois, ficou esperando.

        Olhou pela janela e viu os garotos. Como sempre, eles vinham rindo e se divertindo.

        Como sempre, Chad vinha atrás do grupo. Caminhava, no entanto, um pouco mais rápido do que o normal.

        Quando entrou em casa, ela esperou que ele se desmanchasse em lágrimas.

        Chegou de mãos vazias, como ela pensara. Segurando o pranto, a mãe lhe disse: 

        “Filho, preparei um lanchinho para você.”

        Mas Chad não prestou atenção ao que ela disse. Com passos firmes, se encaminhou para a cozinha, repetindo: 

        “Nenhum...nenhum...”

        Nesse momento, a mãe observou que o rosto do filho brilhava de alegria. E o ouviu completar a frase: 

        “Não esqueci nenhum, nenhum deles!”

        A atitude do garoto é altruísta e denota uma alma que muito mais se preocupa em ofertar amor, do que buscar ser amado.

        Poucas criaturas podem superar, contudo, situações semelhantes.

        O bulling, essa prática de agressividade repetida, muito comum entre crianças e adolescentes, tem dado causa a alguns desastres.

        O fenômeno é mundial. Crianças e adolescentes são excluídos pelos colegas, perseguidos e humilhados.

        Muitos abandonam a escola, sem condições de prosseguirem enfrentando humilhações e trotes.

        As estatísticas apontam, ainda, crescente número de suicídios na faixa etária da infância/adolescência, como efeito do bulling.

        Qual será o motivo de tamanha crueldade?

        Educadores e pais, estejamos atentos. Observemos o comportamento dos nossos filhos.

        Serão eles os promotores do bulling ou suas vítimas?

        É tempo de ensinar a amar em nosso lar. A respeitar os diferentes. A imitar os melhores, não tentar destruí-los.

        Pensemos: quais são os comentários que nossos filhos mais ouvem, com respeito aos outros seres, em nosso lar?

        Que falamos a respeito dos colegas de trabalho, dos vizinhos, dos filhos dos outros?

        É possível que descubramos que essa manifestação doentia, o bulling, seja a resultante da indiferença e do desamor que ensinamos a eles, todos os dias.

* * *
        O mundo melhor do amanhã está em nossas mãos.

        Depende de nós a geração que se estrutura hoje para atuar no mundo logo mais, como cidadãos do mundo, herdeiros das nossas riquezas morais.

Fontes:
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Dia dos namorados, de Dale Galloway, do livro Histórias para o coração, v. 1, de Alice Gray, ed. United Press.
Em 02.01.2008.

Romeu L. Wagner, Belém, Pará.